Sindicalistas protestam em Santa Maria contra a proposta da Reforma da Previdência

Foto: Renan Mattos (Diário)

Desde que a proposta da Reforma da Previdência foi entregue, ontem, pelo presidente Jair Bonsonaro, sindicalistas e especialistas começaram a analisar o texto e as possíveis mudanças aos trabalhadores. O advogado Átila Abella, especialista em Direito do Trabalho, diz que alguns dias serão necessários para entender a proposta, pois muitos pontos não ficaram claros.

Porém, ele diz que, em uma avaliação rápida, os trabalhadores da base da pirâmide trabalhista serão os mais atingidos com as mudanças, caso se confirmem. Abella avalia que uma reforma previdenciária é importante e válida, já que o sistema brasileiro não é atualizado desde a década de 1980, mas defende que deve ser feita de maneira que atinja a todos os trabalhadores e de maneira proporcional.

- Os militares, por exemplo, são 30 anos para se aposentar. Então, entram com 18 anos e saem com 48. E um trabalhador rural? Vai ter que contribuir por 20 anos, com idade mínima de 60 para homens e mulheres. Com que idade essas pessoas vão para a lavoura? É este tipo de avaliação e equilíbrio que deveria constar na reforma da Previdência. É preciso uma reforma igualitária - salienta o advogado.

ATO PÚBLICO
Sindicalistas de Santa Maria convocaram um ato contra a reforma, ontem, às 18h, na Praça Saldanha Marinho, em que apresentaram as propostas.

O vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de São Gabriel, Marcos Flávio Silva, diz que as entidades terão de acionar deputados e senadores para debater as mudanças que "tiram beneficíos dos trabalhadores". Para ele, as mulheres rurais serão as mais atingidas, pois serão mais cinco anos na idade mínima e no tempo de contribuição.

O diretor do 2º Núcleo do Cpers, Rafael Torres, diz que a categoria dos professores será afetada, principalmente mulheres:

- A nossa categoria é majoritariamente de mulheres e elas são as mais afetadas com essa proposta. Além de ter que trabalhar até os 60 anos e, mesmo que o obrigatório seja 25 anos, será preciso contribuir 40 anos para conseguir se aposentar com um salário 100% igual ao que tinha em atividade. Isso é uma piada.